18 de mar. de 2011

COREOGRAFIA

Ana entra contando sete passos.

(Traz consigo uma bolsa de pano suficientemente grande para conter algumas bugicangas)

 Ela oscila dando um passo para frente e outro para trás por três vezes.

Pára.

Respira fundo e olha para os lados  deixa a cabeça cair.  

Senta-se no chão sobre a sacola.

 Respira profundamente três vezes.

Fica estática.

Então salta um pouco com o quadril para cima empurrada por algo que está dentro do saco.

Ela bate no saco.

Fica parada e gira a cabeça ao redor do pescoço, um giro lento.

Depois dois giros mais rápidos para o lado oposto.

Depois gira mais três vezes para o outro lado e mais rápido e ao final deste giro do pescoço,
O próprio tórax também gira fazendo o tronco girar em torno da cintura.

Salta mais alto com o quadril como sendo empurrada pelo saco.

Cai e continua rodando com o tronco e um salto mais alto a põe de joelhos com o saco entre as pernas.

A perna direita se estende para o lado indo o mais longe que pode e a sua cabeça é atraída para a ponta do 
pé direito, o corpo se curva para cumprir este movimento.

Ela cai jogando o corpo para frente e deixa-se espalhar pelo chão formando um imenso “X”.

O seu quadril começa a pulsar numa freqüência de 7 ciclos por minuto, em cima e embaixo, como se estivesse fazendo sexo com o chão.

O seu braço esquerdo começa a pulsar em direção ao alto numa freqüência de 7 ciclos por segundo, como se estivesse batendo a massa para fazer biscoitos.

 O seu braço direito começa a pulsar numa freqüência de 7 ciclos por segundo, batendo o chão como se batesse na água de uma bacia.

A sua perna direita começa a pulsar numa freqüência de sete ciclos por segundo, depois a sua perna esquerda pulsa igualmente.

Todo o corpo se joga para cima e para baixo num frenesi.

Num instante põe-se de pé e a sua cabeça é puxada à altura de sua cintura para frente,
Puxada pela cabeça por um senhor invisível,
Ela circula o palco puxada pela cabeça.

Para diante do saco e cai de joelhos,
Os seus braços são arrastados para frente rentes ao chão, e sua cabeça bate no palco num ritmo de 7 ciclos por minuto, durante três minutos.

Levanta o rosto e ele está encharcado de sangue. 

Ela gira em direção ao lado oposto ao saco, e lambe o sangue que lhe escorre pelo rosto, os seus braços estão inertes e parecem estarem desligados.

 Então subitamente ela é arrastada para cima puxada pelos cabelos e fica na ponta dos pés, e saltitante em equilíbrio precário é arrastada violentamente para esquerda e arremessada contra uma parede invisível, ela sente o impacto da parede e o seu corpo estremece.

Ela cai e fica inerte, e dá três respirações profundas.

 Então subitamente é erguida pelos cabelos e ficando na ponta dos pés é arrastada de forma sinuosa e serpenteando em círculos por uma vez, depois mais veloz na segunda volta e depois mais veloz ainda na terceira volta e é arremessada contra uma parede invisível no lado direito.

Ela sente o impacto e cai no chão, fechada como um feto, com o corpo totalmente encolhido.

Respira profundamente três vezes.

Pára por um minuto.

 Nada acontece  por mais outro minuto.

Então seu corpo começa a oscilar para um lado e para o outro, primeiro em três ciclos por minuto.

 Pára. Um minuto imóvel.

 Então começa a oscilar com mais vigor em cinco ciclos por minuto.

Para  e por um minuto mais nada acontece.

Então começa a oscilar com mais vigor num ciclo de 7 ciclos por minuto.

Num instante põe-se de pé e anda para trás doze passos contados e lentos.

Depois anda em zig-zag por mais doze passos abertos em máxima distancia entre o pé esquerdo à esquerda e o pé direito à direita a frente.

Salta para uma posição com os dois pés juntos.

 O pé direito coça o pé esquerdo sobe até o joelho e coça o joelho,
A cabeça baixa-se e o pé coça a cabeça.

Ela pára e ergue o rosto e abre a boca como numa risada afônica em câmera lenta.

Volta-se para o saco e aponta-lhe o indicador direito e oscilando-o para cima e para baixo em movimento largo, faz algo como uma repreensão.

 Então se volta, leva as duas as mão aos cabelos e os assanha e jogando os braços para o ar deixa-os cair sobre o saco, ergue-o e colocando-o  nas costas  dá três grandes passos, quase saltos para fora de cena.

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