Kátia entrou como uma bala no quarto de Elizabeth.
- Amiga, estou apaixonada.
- Quem é? Perguntou Kátia
- Muito fôfo, rosnou manhosa Elizabeth.
- Eu conheço?
- Não, ele não é daqui.
- É de João Pessoa?
- Não.
- Lindo! Ele é uma coisa fofinha!
- Onde ele mora? Quem é a familia dele? O que ele faz? Estuda ou é um vagabundo cafajeste?
- Que agressividade é essa?
- Essa coisa existe?
- Ele é indiano e mora em Nova Deli.
- Como assim?
- Conheci-o pelo Orkut!
- E ele fala português?
- Claro que não, conversamos em inglês...
- E tu fala inglês? Diz a outra com suprema ironia.
- Um pouquinho, mas uso o google tradutor, ele quer se casar comigo, quer que eu vá morar com ele na India.
- Você está maluca.
- Ele disse que vai mandar o dinheiro para eu viajar para lá.
- Vou contar prá tua mãe.
- Naão faça isso, amiga, eu escrevo uma carta para ela depois que tudo tiver acontecido.
- Amiga eu sei que você só tem dois neurônios, tico e teco, e acho que eles devem ter tirado férias.
- Se eu não viajar logo, ele me disse que a familia dele vai obriga-lo a se casar com uma fuleira qualquer.
- Que palavra é essa?
- Ele não disse assim, mas eu entendi o sentido...
- Ele deve ser um traficante de escravas brancas, Deixe-me vê-lo...
- Promete guardar segredo?
- sim, juro...
- Pela Avó-Lua?
- Juro.
Elizabeth deu alguns cliques e abriu a página de Ravindra, um rapaz indiano de feições delicadas como uma estátua de Krishna.
- Muito fofinho! Admitiu Kátia.
- É meu. Lembrou Elizabeth.
As duas amigas ficaram olhando por um longo tempo a imagem daquele príncipe até que o descanso de tela disparou uma chuva de estrelas vinda do infinito.
- E se usássemos da magia da avó-lua para nos conectarmos diretamente com ele? Disse Elizabeth.
- Vamos fazer como vimos naquele filme.
- Qual?
_ Não importa...
Elas levaram o laptop até a janela, deram-se as mãos e sob a luz tênue da lua em quarto crescente evocaram a presença de Ravindra. Ficaram imóveis respirando rítmicamente. Cada uma em seu coração imaginou-se encontrando com ele. O encanto foi quebrado pelo toque do celular de Kátia; Dona Clara, sua mãe, ligou pedindo que voltasse logo para casa, pois já era tarde da noite.
Elizabeth foi para a sua cama com o laptop ligado. Adormeceu.
Um barulho estranho, no entanto, despertou-a. Ela aproximou o seu rosto da tela do computador. então...
Ele tocou os seus lábios com a ponta dos dedos e suavente circulou-os com se andasse pelas margens da piscina que fica no jardim do Taj Mahal. Aproximou o seu rosto, tão perto que respiraram-se uma ao outro. O coração encheu-se de um estranho fluído incandescente, entre milhares de pixéis coloridos, todo o quarto se fazia uma única tela tridimensional de plasma amoroso. Pela fresta da porta era possível ver a intensa luminosidade que vazava para o restante da casa. A bela princesa caminhou pelo caminho de bytes, conduzida pelas mãos firmes do Príncipe e foram viver no eterno mundo da energia.
OFICINA DE TEATRO NO LIMA PENANTE
Há 3 meses