Entrevista com a vidente Madame Madam sobre questões
econômicas e previsões planetárias para o ano em curso, em Extremo dos Judas, algum lugar da América do
Sul. A nossa entrevistada falou pelos cotovelos de modo que mal conseguimos
ligar o gravador, ela já desatou a falar
sem pausas, quase sem respirar o que lhe causou uma parada respiratória dando
também fim a este encontro. O título foi uma exigência sua pelos motivos
que depois de recuperada nos explicará melhor. Assim esperamos...
Para começar a entrevista,
ligamos o gravador.. Segue-se o monólogo...
.
“Quando falamos da economia extremense nos últimos meses
vemos que os programas setoriais estruturalistas estão sufocando os fluxogramas
conjunturais. Não é possível lidar com a
pressão macroeconômica destes cenários
desastrosos, e ninguém poderá prever quais serão os desempenhos dos vários
setores da produção agrícola, pecuária e industrial. Espera-se que a liderança saiba como ativar a sua força
administrativa para alavancar resultados financeiros que possam evitar um
choque orçamentário indexado às insatisfações dos vários segmentos sindicais. E,
convenhamos que os sindicatos neste contexto interespeculativo
representam um megadesequilibrio
flutuante impossível de ser compactuado com os resultados esperados pelos
investidores, que por ora desfrutam das coberturas das torres poluidoras
conhecida como o altiplano podre, que se destacam agressivas sobre a paisagem da
outrora verdejante cidadezinha.”
“Nós poderíamos sonhar que os acordos econômicos que
poderiam ter sido feitos à época da conquista do poder estivessem dentro de uma possibilidade conjuntural de respeito
ao meio ambiente. Mas o nível mercadológico
da ação política nunca pode ser equacionado pela presumível necessidade real da urbe, do estado, do país e
quiçá do mundo. O grande ativo disponível e corrigido da fé dos eleitores
confunde-se com o inventário plurianual, a cada quatro anos, e um saldo nominal
imaturo e terrível com ares de previsões apocalípticas. Diriam os mais incautos
analistas que estamos à beira de um colapso nervoso.”
“Foi construído um grande aparato lendário urbanístico com
grandes figuras olimpianas que se
apresentaram como vindas de alguma galáxia distante, tal qual os mochileiros
que escaparam da terra em transe, mas as
personagens cosmológicas propiciatórias não tiveram força para alavancar este inusitado
construto avivatório religioso, aleluia, em torno de mortais que vestiram a casca
tênue dos deuses. A invocação icônica de suas figuras sazonais passou a sofrer
com o desgaste natural das intempéries sociais.
No momento presente está difícil recuperar
o saldo positivo que se seguiu aos primeiros momentos de triunfo. Antes de tudo
porem saibamos que a tradição cíclica tribal elege os reis do caos para
dar-lhes o poder sobre um grande momento antes de uma renovação fundamental , e
talvez seja este o momento quântico que estamos assistindo. A manifestação
biológica em vários níveis das ações
deslocadas de sentido, demonstram que a fantasia compensatória deu lugar a uma dependência
perversa semelhante àquela que acomete os que são vitimados pela síndrome de Estocolmo.”
“Se nestes ocupantes do domínio oficial ainda houver um
resto de alma, veremos que elas assumirão o seu caráter maníaco castrativo, demonstrando
que não se pode consertar a economia com surtos neuromegalomaníacos, e que os
impulsos sadohistéricos apenas levaram todos a uma bancarrota coletiva. Talvez
seja o momento de uma reflexão mínima e individual acerca desta aventura magnânima
que vivemos na poupança de nossos sonhos. Talvez possamos ver descer pela orla
da barra do horizonte ao amanhecer alguma esperança para este burgo, que se vê invadido pela loucura do capitalismo
poltergeist. Talvez se possa retornar
aos ritos primordiais de alegria que farão o papel de relembrar as antigas crenças
e práticas, pois muitas vezes os
terremotos não ocorrem na terra e sim no juízo das pessoas.”
“O mantra astro-mental-alquimico será aquele que vier com as
chuvas torrenciais enquanto se assiste ao
carisma dos donos da força desmanchar-se diante das caras sem qualquer medo do
transito progressivo sideral das corações e mentes das pessoas livres, que entenderão
o que está acontecendo e compreenderão que as palavras não têm mais o mesmo
sentido que tinham antes. As mentes como planetas cintilantes em suas rotas elípticas
brilharão no mapa astral da conjuntura que se avizinha e pouco adiantará chorar
a acuidade das profecias Maias e o seu sucesso editorial. Não haverá choro e
ranger de dentes, mas sim muita confusão, e não se poderá como se diz a poucos iniciados, não olhar para
trás fazendo de conta que não está vindo um maremoto terrível.”
“Voltando ao nosso ponto visionário educativo, direi que o
sucesso econômico dependerá de fatores invisíveis
que poderão muito bem ser avistados por uns poucos iniciados nos endereços
certos. Assim se poderá também deduzir
que tudo estará bem na manhã seguinte, e que novas luas passarão a orbitar em
torno dos sois disponíveis até a batalha fatal, e quando ela virá eu não sei,
mas sei que como dizia Alexandre, o grande, não podem existir mais de um no
mesmo céu e é disto que se trata: de poder analisar com bastante isenção e
livre de qualquer controle , e com toda a clareza os fatos que estão sentados
aqui diante de mim e de você enquanto estou ficando sem ar.”
Desligamos o gravador para socorrer a pobre mulher.
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