Roberval estava no seu quarto às duas horas da madrugada,
escuro, numa cama de madeira com uma das pernas amarradas com um cordão de
agave para não cair. Ele estava sentado sobre o colchão arrumado sobre um
estrado de varas de cipó sabiá. Chama cipó sabiá porque são finas como as
perninhas de um pássaro com esse nome. No quarto contíguo ao dele estava seu
irmão, um outro homem, ou era, porque parecia que ele havia sido possuído por
um azougue; dava para ouvir a sua respiração com um ronco forte como um porco
em agonia de morte.
Roberval acendeu um candeeiro a querosene com o pavio muito
curto que jogava uma luz pálida e bruxuleante no ambiente. Os seus olhos
passearam pelas paredes do quarto. As paredes eram brancas, tinham imagens,
recortes retirados de revistas e não quadros emoldurados. Tinha um da santa de
sua devoção, Nossa Senhora da Luz.
Aqueles eram momentos de ansiedade aguardando o fim da
madrugada e a chegada do sol. Ele estava sentado próximo a janela construída
com pedaços irregulares de madeira e pelas brechas dava para ver a rua lá fora,
com casas simples, calçamento de paralelepípedos irregulares. Um logradouro da
periferia da cidade de Guarabira, que fica no estado da Paraíba, que ficou
famosa na televisão com o aparecimento de luzes estranhas no céu.
Fazia parte de minha atividade de pesquisa acadêmica ir até
àquela cidade, pois eu estava fazendo um levantamento sobre os possíveis sítios
arqueológicos indígenas da região. Numa de minhas viagens àquele lugar, eu
mesmo vi uma dessas luzes; ela veio, parou sobre uma rua e depois chispou para
o infinito. Coloquei aquilo na conta de uma alucinação.
Era um lugar com muitas estórias. Noutra oportunidade soube
de um homem que dizia, que havia visto uma criatura de aparência humana entrar
numa rocha que ficava na serra onde está assentada uma imensa estátua de um
frade chamado Damião, famoso por suas pregações. Dizem que esse religioso tinha
poderes místicos; que calou para sempre os sapos que cantavam numa lagoa de uma
cidade vizinha que estavam atrapalhando o seu sermão; não entendo nada disso,
de modo que deixarei esse assunto por aqui.
A nossa estória mistura-se com a crendice popular. Conversei
com uma vendedora de tapioca, que é uma comida típica feita de massa de
mandioca. A sua banca ficava na frente da igreja Matriz de Nossa Senhora da
Luz. Ela contou-me que uma moça também contou que havia visto um homem entrar
numa pedra, que tentou segui-lo, mas quando tocou a rocha a sua mão ficou
queimada. O médico do posto de saúde disse que aquilo não era queimadura de
fogo. Ela virou piada entre os amigos. ”Onde já se viu uma pessoa entrar numa
pedra?”, caçoavam dela. Ela envergonhada mudou-se para um sítio distante de
todos.
Também havia o relato de um homem no mercado público da
cidade, que pedia esmolas exibindo uma queimadura na perna dizendo que fora
causada por uma das luzes que apareceram no céu.
Eu escutei primeiramente essas estórias que estou contando
aqui, numa barbearia, que fica na Praça da Cultura no centro da cidade. Fiquei
tão impressionado, que em meus exercícios de andanças matinais, comecei a
pesquisar e consegui chegar até a casa de Roberval, um homem transtornado, que
fora vítima daqueles acontecimentos estranhos. Eu fiquei perturbado quando vi
as marcas que havia nas paredes, desenhos queimados em baixo-relevo parecidos
com as inscrições pré-históricas de uma pedra que existe em uma cidade próxima
chamada Ingá.
Algum tempo depois, em um banco da rodoviária municipal, o
acaso me fez conhecer Roberval pessoalmente, enlouquecido, falando coisas
desconexas olhando para o monte onde fica a estátua majestosa do Frei Damião.
Daquele mosaico de falas desencontradas, remontei partes do quebra-cabeça;
então, comecei a escrever esse relato como uma forma de libertar o meu
espírito, após as últimas notícias que recebi de lá.
Roberval era professor de uma escola pública. Era um homem
de estatura mediana, pele branca, cabelos, lisos com uma franja penteada para o
lado. O seu corpo era um pouco gordo, mas não obeso. Tinha alguns cabelos
brancos apesar dos seus 37 anos. Usava um bigode fino que desenhava o lábio
superior e faltava-lhe o dente canino esquerdo.
As mãos bem definidas, com as unhas roídas demonstrando a sua ansiedade.
Juvenal, não o conheci, era mais jovem, cabelos grandes,
louros, encaracolados, tinha 25 anos, gostava de andar descalço usando bermudas
coloridas. Tinha uma barba rala abaixo do queixo, sobrancelhas muito grossas,
olhos azuis, e uma pele amarelada, graças a genética das misturas que faziam
nascer numa mesma família um verdadeiro caleidoscópio de cores e formas. Ele
era mais inquieto e curioso que Roberval. Gostava de falar com as pessoas
usando um bordão- “E aí, tudo tranquilo?” Era um cara com a aparência
libertária de um pirata, que trabalhava como gari na limpeza urbana. As pessoas
o chamavam de galego da limpeza.
Voltando ao começo dessa estória, Roberval queria libertar o
irmão do azougue que havia se apossado de seu corpo. Era algo estranho que se
sucedeu após Juvenal ter ido até uma dessas pedras onde apareciam os seres.
Dizem que ele ficou de tocaia, e quando um daqueles seres saiu da pedra,
Juvenal aproveitou o momento, viu que a passagem havia ficado aberta, e entrou
na pedra. Nunca mais foi o mesmo. As pessoas começaram a notar mudanças no seu
comportamento. Ele começou bebendo muita cachaça, e somente depois de um tempo,
é que Roberval percebeu que o irmão estava possuído pelos seres da pedra, o
azougue.
Uma das coisas mais difíceis de aceitar é a credulidade
popular quando ela se instala em uma comunidade. Juvenal depois de ter saído da
experiência da pedra começou a dar sinais de loucura e tinha já começado a ser
rejeitado pelos vizinhos.
Ficava dizendo que as mãos estavam queimando, é certo que
algo estranho acontecia mesmo, eu conversei com alguns vizinhos que disseram
que à noite as suas mãos pareciam brilhar como se fosse aqueles objetos
fosforescentes. O fato é que certa vez o cachorro de Manuel, um vizinho, fora
atropelado por um caminhão e ficara com as duas pernas esmagadas; a solução era
sacrificar o animal para o desespero do dono, mas nesse remoinho apareceu
Juvenal, que pegou o animal em seus braços e levou-o consigo; ninguém ousou
reclamar da doidice. Somente Manuel ficou assim, tristonho; era o destino que o
cãozinho terminasse o seu destino, mas para surpresa geral, na manhã seguinte,
lá estava Xareu correndo pela rua com as pernas completamente saradas. Aquilo
foi uma coisa que tirou Juvenal da condição de maluco para a condição de santo.
No começo de sua santidade, ou poderes especiais, foram-lhe
trazidos todo tipo de animal, gato, periquito, cavalo e até um porco. Tudo o
que Juvenal tocava voltava a sua condição de saúde perfeita, mas não funcionava
sempre, e não conseguia fazer o mesmo milagre com as pessoas, ao contrário, em
muitos casos até piorava a situação, e foi isso que o tornou-o uma figura
temida, ele não tinha mais o seu emprego e vivia dos cuidados de seu irmão
Roberval.
De quando em quando ele desaparecia pelo mato, e a conversa
era de que ele estaria com as pessoas que moravam nas pedras. Nunca ninguém
tinha visto aqueles seres, que eram mais uma fantasia, algo que entra para a
imaginação popular.
Num desses desaparecimentos, os vizinhos começaram a notar
que havia algo de diferente nas paredes de sua casa, e então ao entrarem e irem
até o seu quarto encontraram as paredes cobertas com inscrições misteriosas.
Então aconteceu algo inesperado, a filha de um dos vizinhos
desapareceu. Foram feitas denúncias à polícia. As investigações apontaram um
vazio. Vasculharam toda a vizinhança, as cidades vizinhas e nada foi
encontrado.
Uma semana depois a menina reapareceu, assim do nada,
caminhando pela rua, como se nada tivesse acontecido. Ninguém suspeitou de
Juvenal, pois o mesmo estava desaparecido fazia um mês. No entanto, quando a
menina apresentou uma certa luminescência nos olhos, algo que não foi percebido
por todos, mas por Roberval, que por conviver mais com Juvenal percebera que
havia um certo brilho a mais em seus olhos. Poderia ser somente uma impressão
de sua fantasia, mas agora diante daquela menina, Roberval suspeitou que
estivesse acontecendo algo mais sério.
Naquele rebuliço reapareceu Juvenal, disse-me uma outra
pessoa com quem conversei. Juvenal estava mudado e não parecia mais aquele
maluco, mas sim uma pessoa normal, organizada, e diferente daquele outro que
todos conheciam. Retomou o seu emprego e nada mais fez para que desconfiassem
de algo. Era visto tratando a todos muito bem, e algumas vezes sucedia de
acontecerem, alguns eventos maravilhosos, um animal era curado de algo, ou uma
pessoa, mas não era sempre, e nisso ele ganhou a fama de rezador, que ele
assumiu sem cerimônia. Nesse seu novo papel, aquela menina lhe servia de
ajudante, e às vezes, Roberval tinha a impressão de que havia algo, que eles
falavam com os olhos, que não dava para ser compreendido por mais ninguém.
Outra coisa que preciso mencionar, é que Roberval, ficou de
tocaia quando o irmão saiu à noite em direção ao mato e o seguiu, e para sua
surpresa viu quando ele se encontrou com outras pessoas, que estavam vindo de
outros pontos da cidade, todos indo em direção a uma cachoeira muito conhecida
pelos turistas que visitam a cidade. O mais estranho é que eles caminhavam pelo
mato sem dificuldade alguma, nem com a natureza acidentada do terreno nem com a
vegetação. Roberval disse-me que teve medo de continuar quando percebeu a
presença da menina. O que era aquilo? Ficou quieto em sua posição até que o sol
começasse a despontar, assim desceu para a estrada e pegou o caminho de volta
junto com outros caminhantes comuns. Naquele dia ao chegar em casa encontrou-se
com Juvenal que o saudou normalmente com um bom dia.
Não havia motivo para preocupação, exceto com a noite.
Juvenal não se comportava como uma pessoa comum, mas tinha o sono agitado, e
numa daquelas noites Roberval escutou vozes vindo do quarto do irmão, que
falava dormindo um emaranhado de vozes estranhas, algumas estridentes e sem
sentido para ele. Noutras parecia escutar a voz do irmão pedindo socorro. E foi
naquela noite que ele decidiu que era preciso libertar o irmão do azougue que o
tinha possuído. Não sabia qual era a intenção daquela coisa que havia tomado o
corpo de seu irmão. Não sabia explicar. Nem como haviam tantas pessoas de
vários lugares. Estariam todas possuídas também?
Nas minhas pesquisas soube que Roberval tinha ido procurar
uma senhora rezadeira, que atendia as pessoas da cidade e redondezas fazia
muitos anos. Fui conversar com aquela senhora. Chamava-se Selma, Dona Selma
rezadeira. Ela contou-me que aconselhou Roberval a não mexer com aquilo, que
era provável que os seres das pedras depois de um tempo deixassem Juvenal de
lado, que vez ou outra isso acontecia com algumas pessoas, e que ele não se
preocupasse com as atividades de rezador de Juvenal. Ela recomendou a Roberval
a manter distância daquelas criaturas, pois elas viviam naquela região há muito
mais tempo do que os primeiros habitantes do Brasil, que elas não eram daqui,
mas que também não sabia dizer de onde eram, que já tinha encontrado com um
deles, mas que não fora abduzida. Eles não fazem mal a ninguém, mas não os
irrite.
Bem, pelo visto Roberval não obedeceu aquele conselho e
planejou um modo de descobrir de onde vinham e assim libertar o irmão. As
pessoas tem a ilusão de que podem libertar os outros das coisas que desconhecem. É
sempre muito arriscado fazer essas aventuras sem conhecer o terreno em que se
pisa. Ele organizou-se para seguir a menina, pois isso daria menos na vista,
assim ficou prestando atenção às movimentações dela. Enquanto isso, a fama de
rezador milagroso se espalhou e todos os sábados à tarde durante 1 hora,
Juvenal atendia algumas pessoas, que colhiam benefícios de sua habilidade. Em
outros aspectos como já escrevi, Juvenal era uma pessoa comum. Somente Roberval
sabia o que se passava na escuridão. Soube também que a menina também falava à
noite, mas os pais diziam que aquilo era um mal de família
Essa parte que vou narrar, quem me contou foi Dona Selma.
Roberval seguiu a menina e viu que ela se adentrava no mato em direção a um
paredão de pedra. Ela disse que não ia me revelar a localização do mesmo para
minha própria segurança, pois como eu era muito curioso poderia querer ir até
lá também. Roberval viu a menina entrar na pedra. Ele esfregou os olhos, não
acreditou no que havia visto, mas não teve a coragem de se aproximar. Ao invés
disso foi até ela contar o ocorrido. Dona Selma explicou-lhe que às vezes
aqueles seres pegam pessoas do mundo humano para realizarem tarefas para eles,
mas que tudo é feito com muito cuidado para não revelar o seu segredo, que ela
achava que Juvenal havia sido uma exceção, que ele havia entrado lá de alguma
maneira sem ser convidado, o que gerara aquela confusão toda no prelúdio desses
acontecimentos. Diferente da menina, ou da família da menina, quem sabe.
Contam que em um mês de fevereiro foram muitas luzes no céu,
tanto que chamou a atenção de muitas pessoas que estudavam esses fenômenos.
Naqueles dias sumiu Juvenal e a menina, primeiro Juvenal e depois a menina. Ora
o que poderia ser aquilo que desafiava a lógica? Então Roberval decidiu que a
solução para aquilo, era impedir que aquelas criaturas continuassem a se servir
das pessoas. Era preciso libertar Juvenal e a cidade do Azougue.
O plano era bem simples. Ele colocaria um remédio para
dormir, algo forte, na comida de Juvenal, e quando ele adormecesse, iria
conduzi-lo para um hospital psiquiátrico. Foi naquela noite que o irmão no
quarto ao lado guinchava como um porco. Era o azougue lutando para manter o
corpo de Juvenal em seu controle, mas o corpo restava adormecido, somente a
energia do azougue é que gritava enquanto o espírito do outro repousava dentro
daquela carne. Os grunhidos eram tão altos que acordaram a vizinhança que viera
ficar de pé em frente a sua casa. Quando Roberval percebeu havia uma multidão
em sua calçada.
Alguns entraram para ver o que estava acontecendo e viram o
corpo de Juvenal se retorcendo e dando espasmos na cama que o elevavam a tres
palmos de altura, e tinha momentos em que parecia flutuar. Nisso, apareceu a
menina, ela olhou duramente para Roberval, depois tocou a cabeça de Juvenal que
se acalmou, colocou-se de pé e caiu. As pessoas acharam que, como a menina
tinha sido a sua ajudante, podia ser que tivesse feito algum tipo de reza. Juvenal
foi dado como morto pela equipe da emergência médica que fora chamada. Roberval
foi inocentado de alguma culpa no acontecido, e na precariedade da polícia
cientifica, ficou apenas a superfície dos fatos. Se tivessem feito um exame
teriam encontrado a presença dos barbitúricos, que talvez não dessem para
matar, mas nunca se sabe a resistência de cada organismo, nem tinha sido essa a
intenção original.
Aquela comunidade, no entanto, passou a tratar Roberval com
muita dureza. Ele percebeu que haviam outras pessoas semelhantes a menina
também morando ali. Roberval teve que sair de casa porque a mesma foi destruída
misteriosamente. Ele preferiu não denunciar; ficara preso ao último olhar do
irmão. Não era para aquilo ter acontecido. Roberval passou a andar pelas ruas e
vez ou outra encontrava com pessoas que tinham aquele mesmo brilho nos olhos.
Descobriu que aqueles seres estavam muito mais misturados entre nós do que
poderíamos imaginar, e não somente ali.
Certa vez antes de sair da cidade, recebi um recado de Dona
Selma. Fui até a sua casa. Ela me recebeu bem. E foi dizendo sem cerimônia:
“você remexeu em um bocado de coisa, não é mesmo? A curiosidade mata, conhece
esse ditado?” Achei estranho que ela estivesse me dizendo aquilo. “Olhe, você
deve ir embora, não olhe para trás, esqueça todas essas estórias; Roberval
enlouqueceu porque ninguém deu ouvido a ele; além do que ficou a desconfiança
de que a morte do irmão tivera alguma participação sua; essas coisas devem
ficar no segredo”, acrescentou. Enquanto ela me falava aquelas coisas eu tive a
impressão de que havia um brilho estranho em seus olhos.
Quando estava indo embora, ao entrar no ônibus que me
conduziria a cidade de João pessoa, onde pegaria um avião para retornar para
minha casa, vi na face do motorista, uns olhos parecidos com o de uma cobra,
foi um relance, somente um relance; ele sorriu.
Mantive ainda contatos com algumas pessoas que iam a cidade
para estudar o fenômeno das luzes, e conheci outras que estudavam os seres que moravam nas pedras. Passou um tempo sem
notícia de Roberval, apesar de que a sua face ainda me assustava quando a relembrava.
Esta noite enquanto escrevo isso, recebo uma mensagem do
barbeiro dando-me a notícia de que aparecera um outro rezador, que era
Roberval, que havia melhorado de sua loucura, que voltara para o seu trabalho e
agora continuava a fazer as mesmas coisas que o irmão fazia.
Muitos que passam por ali conhecem os mistérios e as belezas
da região, as suas estórias fantásticas. Eu prefiro que fiquem na categoria de
estórias, assim nos protegemos da ira dessas coisas. Eu nunca as vi, mas as
luzes, eu penso que sim, e os olhos do motorista.
Hoje pela manhã ao descer no elevador de meu prédio, entrou
uma moça, cabelos longos, louros. Ela deu-me bom dia. Eu estava distraído com o
meu jornal na mão, então não lhe dei atenção. Ela me perguntou sobre uma
notícia sobre as luzes misteriosas em Guarabira. Ao erguer o rosto vi os seus
olhos de réptil por um instante. Eu fiquei gelado com a revelação. De fato, na
página de trás a que estava lendo tinha escrito a manchete: “Luzes no céu”.
Essa narrativa pode parecer muito fantasiosa, mas se você
puder ir até lá, verificará pessoalmente… todo contador costuma aumentar um
ponto, como se diz, mas nesse caso, é o contrário, eu omiti a maior parte dos
detalhes para a segurança do leitor.
João Pessoa, março de 2021
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